
Ouvi, senhora,
o cântico sentido
Do coração que geme e s´estertora
n´ânsia letal que mata e que o devora
e que tornou-o assim, triste e descrido.
Ouvi, senhora,
amei; de amor ferido,
as minhas crenças que alentei outrora
rolam dispersas,
pálidas agora,
desfeitas todas num guaiar dorido.
E como a luz do sol vai-se apagando!
E eu triste, triste pela vida afora,
eterno pegureiro caminhando,
revolvo as cinzas de passadas eras,
sombrio e mudo e glacial, senhora,
como um coveiro a sepultar quimeras!
Augusto dos Anjos
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