Já não brilha como antes,
mas há luz no seu desmaio.
A rosa de outono desfalece,
com a elegância de um ensaio.
Suas pétalas, quase memória,
guardam o perfume do verão.
E mesmo murcha, ainda encanta,
como quem ama sem razão.
O vento a toca com ternura,
como quem sabe que é final.
Mas há beleza no adeus lento,
no gesto frágil e vital.
Não é flor de primavera,
nem promessa de jardim.
É rosa que vive o crepúsculo,
com dignidade até o fim.
E quem a vê, vê poesia,
no desfalecer sem dor.
Porque há alma no que se entrega,
e há força no que foi flor.

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